terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

Gabiru


Esse é o menino Gabiru, que mora na cidade grande, mas que já foi do mato.
Ele sempre teve sonhos estranhos, coisas do tipo liberdade.
Quando se sentia preso, sempre tinha dor de barriga, mas não gostava de tomar remédio.
Ele tinha seu próprio ritual de cura. Ele velejava.
E foi assim que se medicou naquela manhã, sentindo o vento no rosto, uma brisa.
Sua pedalada era leve, sem força, sem esforço, navegava por aguas calmas.
Era o capitão e tripulante de sua embarcação.
Seu navio; uma bicicleta vermelha, com velas movimentadas manualmente pela força da catraca.
Era o menino que velejava sozinho.
Não por falta de companhia, mas por opção.
Era a forma que encontrava para despejar seus pensamentos.
E assim fazia a cada pedalada.
 A cada giro da roda lá se iam embora uns 3 a 4 pensamentos e esses se transformavam em micro poeiras de asfalto.
E assim a cada quilometro navegado, mais e mais a sua mente ia ficando vazia.
O menino da bicicleta vermelha gostava de velejar para ficar vazio, era a sensação mais gostosa e próxima do que achava ser liberdade.
 Ele tinha sede.
E Gabiru saciava todas as manhãs e tardes essa sua sede, bebendo brisa de vento em seu rosto.
Mas teve um dia que algo estranho aconteceu...
Gabiru não saiu para pedalar nem de manhã e nem de tarde, ficou o tempo todo trancado em seu quarto.
Teve sede, muita sede, pensamentos e tal dor de barriga, mas mesmo assim não saiu do quarto naquele dia.
Todos na casa acharam aquilo estranho, mas não quiseram dar caso ao assunto.
- É coisa de menino emburrado. Disse o Pai.
Sua mãe deixou biscoitos e um copo de leite no criado-mudo, depois de passar a mão na testa para verificar se Gabiru tinha febre, mas não.  Era apenas a mesma sede de sempre.
Foi só quando o céu ficou respingado de luz e todos foram dormir que o menino Gabiru em um rompante pulou da cama e depois a janela.
Pegou seu navio e pela primeira vez resolveu velejar acompanhado. Convidou a Lua e foi...
Depois daquela noite, ninguém mais viu o menino Gabiru pela cidade e nem pelas redondezas.
Mas hora e outra sempre chega algum boato, vinda de algum carteiro ou parente distante.
Que algum fulano de tal, que conhece cicrano, chegou há ver Gabiru pros lados de algum canto.
Ele é a sua bicicleta vermelha.
E dizem que está até ficando famoso, por onde ele passa falam assim:
- Olha o menino que bebe vento e peida liberdade.
Na casa de Gabiru até hoje, todos tem saudades.
Mas eles sabiam... A sede daquele menino era grande demais...
Quando a vizinhança pergunta, a mãe sempre diz assim:
 - Gabiru está por ai, pelo mundo.
Dizem que não senti mais nenhuma dor de barriga, se curou totalmente de tão vazio que esta.
É chamado de médico e curandeiro.
Em qualquer canto desse mundo que houver prisão de pensamentos, dor de barriga de sede de brisa, é só chamar por Gabiru, que ele vem.
Velejando sempre em céu respingado acompanhado da sua enfermeira lua, ele e sua bicicleta vermelha.
Gabiru – o menino que bebe vento e peida liberdade.





terça-feira, 10 de outubro de 2017

Nina não era de cá, nem de lá.
Era de outro canto, um que talvez não conheçamos.
Mas, ela veio até aqui, veio até nós.
Pra quê?
Pra quê Nina veio?
Veio mostrar.
Nina via as miudezas, não era de grandezas.
Nina via espaços no ar.
Ela via flor onde achamos haver coração e via coração onde achamos ser flor.
Nina era meio assim para nós; estranha!
Será que não estávamos preparados para a sutileza de Nina?
Ela era a pequena mais gigante que conheci.
Ela era arrebatada por desejos de arco-íris e tinha um certo carinho por sapos.
Eu disse que era estranha.
Mas, também tinha normalidades, gostava muito de goiabada.
Nina veio até aqui pra nos mostrar.
Ela foi, foi embora.
Não sei se consegui ver tudo, o que ela veio mostrar.
Saudades !
Toda vez que chove com sol e o céu fica riscado de colorido, como giz de cera, sinto um aperto na flor no meio do meu peito.
Chego acreditar que ela está por perto.
Mas não, ela se foi com seu ultimo desejo.
Nina queria ir e foi em uma carroça rosa.
Penso que ela foi viajar, talvez para algum canto que não conhecemos.
Agora sem Nina passo os meus dias assim:
Nas manhãs eu faço goiabadas, para as crianças da aldeia, pelas tardes passo caçando e fotografando sapos. Estou montando um álbum para dar a nina quando ela voltar.
Agora quando chega a noite, durmo abraçado com a esperança que Nina venha me visitar nos sonhos.
Ainda não aconteceu, mas quando esse sonho chegar eu vou lhe falar:

- Obrigado Nina, obrigado por me mostrar.


Inspirado no conto: A menina de lá.
Livro: Primeiras Estórias.
Guimarães Rosa.
  

sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Aquela pequena subiu em minha cama, bagunçou os meus lençóis e molhou o meu travesseiro.
Sentiu-se dona desse meu reino.
Assumiu o trono vazio e esculpiu sua coroa vermelha com batom e perfume.
Essa pequena menina trazia a sábia  essência das  mulheres da sua tribo.
Sabia conduzir ás coisas com uma natural magia.
O tempo ficou de joelhos, simbolizando a sua reverência e respeito aos seus caprichos.
E eu? De pálpebras abertas e coração destrancado, sentia na pele cada respiração dela, com todas as suas nuances de ritmos e compassos.
E nossos mundos se uniam e co-criavam justamente naquele não-lugar, naquele não-espaço, no sutil momento que o tempo saia para dar uma volta aos pedidos dela.
Coisas de magia.
Coisas daquela tribo que eu já conhecia e tinha visitado quando pequeno, mas que jamais imaginaria que agora, como adulto, como seres grandes, nos reencontraríamos.
Coisas de sonho
Coisas de tribo.
Coisas daquela pequena.
Pequenas magias.



quarta-feira, 19 de julho de 2017

Qualquer dia desses, vou passa lá na sua casa. Para buscar aquele algodão que tu prometeu.
Vou comer o doce e lhe deixar uma flor.
Vou é pra me lambuzar na sobremesa, antes mesmo do prato sair do forno.
Assim, virando os sentidos, sacudindo as rotinas, quebrando as expectativas.
Trocando mesmo, toda a ordem do dia. 

sexta-feira, 28 de abril de 2017

É tanto andar para trás que as vezes me sinto até tonto.
Na tentativa de um giro para que os pés se aprumem pra frente.
Mas não tem jeito, eles tendem a querer ser como curupira.
Mas, já dizia o filosofo estrangeiro; é a utopia que faz a gente andar para frente.
Então bora continuar a construção dessa trilha.
Ora curupira, ora filosofo .
É desse  jeito que vamos abrindo a picada, uma hora a gente bate de frente de uma capoeira.
E ai, as vistas vai conseguir ver melhor e com clareza.

quinta-feira, 30 de março de 2017

Pietra tem sofrência de "eus".
Quando é pega subitamente pela consciência,  eles começam a vazar.
Extrapolam da sua mente.
Esparramam pela cama, sofá e banheiro.
Grudam no espelho.
Pietra não consegue controlar.
Apenas senta debaixo da mesa,  abre sua garrafa de whisky e observa seus "eus" dançarem.
Ela luta para não acordar, quer adormecer.
A noite cansa, Pietra cansa.
A noite vai e Pietra fica.
Pietra descansa, sua mente não.
Pietra dorme e seus "eus" não. 

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Eu quero escrever para vc menina.
Quero dizer que a vida é boa.
Que ela pode ser colorida.
Mesmo que o céu esteja cinza pela sua janela.
Vc pode escolher a cor que quiser, dentro do seu coração.
Não se engane pelo o que as bocas sujas falam, são apenas pessoas que sofrem por não terem creme dental.
No fundo todos querem o bem.
Feche a janela e desça para a rua, deixe a mente sonhar.
Estou lhe escrevendo e  minha carta chegará pelo vento.
Estou longe neste momento, não chegarei tão cedo.
Espero que a carta pouse logo em suas mãos.
Não quero vc no parapeito.
Pule para dentro do seu coração  e siga o arco íris.
Ele te levará  para bem longe, bem longe.
Onde não há sombras que te atormente.
Saia do parapeito menina.
Não durma agora, estou a caminho.
Quero lhe levar para cama, acariciar seus cabelos e contar histórias.
Enquanto isso receba minha carta e leia na calçada.
Desça do parapeito, eu chego logo.
Trago na mochila apenas algumas roupas novas, um amuleto e giz de cêra, muito giz de cêra.

quinta-feira, 9 de junho de 2016

Palavras não dizem nada.
Mesmo querendo falar, mesmo acreditando ser.
São Con  - Fundidas.
Causando todo sentido de frustações, onde vazio seria cheio e cheio seria vazio.
São  exemplos desnecessários de sua presença.
Onde as ações não passam de concreto posto em prática, não salvam-se.
Mas, conceitos nascem da mente que criam palavras e que geram ações para simplesmente justificarem sua existência.
 Copulam e multiplicam-se.
E desse relacionamento sexual nasce um jorro de expectativas.
E o que fazer então?
NADA.
Ou, conceito por conceito, escolha o brincar.
Tudo não passa de um brincar.
Pensar é conceito, emoção é conceito.
É o nada ou brincar. (Brincar do nada)
Mas, não se engane.
Aqui são palavras, lidas e interpretadas pela mente, meticulosamente querendo agarrar-se em algo.
Algo este que está sempre “fora”.




segunda-feira, 30 de maio de 2016


Não era princesa e nem cinderela. Era Samara. Perdeu seu sapatinho na calçada. Não era de cristal, era de plástico ganhado da tia amada. Não foi no baile, foi saindo do trabalho. Spray de pimenta na cara.         a.a.
Amor de rodoviária, não tem fruta mordida. Tem é sabor de café curto coado na esperança. Pão de queijo recheado de saudades. A espera do beijo cinematográfico. É corpo dolorido de noitr mal dormida na ansiedade de encurtar o tempo esperado. E parar  os ponteiros na hora do abraço  (...)   a.a
Um dia desses andando de moto, bateu uma brisa no capacete e me deixou um poema.
Pensei: Não posso esquece-lo.
Repeti (ele) 3x em voz alta.
Chegando em casa; papel e caneta.
Atravessando o cruzamento, a sacana de uma cidadã não respeitou o sinal vermelho. Além de infringir a lei a mau educada de uma "brisa" me leva o poema.
Chegando em casa; papel, caneta e nada.
Já não lembro mais.

Ps. Brisas parecem seres humanos, iguais na forma e diferentes no conteúdo.

a.a

sábado, 14 de maio de 2016

Olhei para fora - lutei
Olhei para dentro - apaziguei
A mente não entende
Fiquei na porta - presente
Enquanto ela; ziguezagueando
Entre as janelas
Passado - Futuro
O eu aqui - na porta
Presente observa.

quarta-feira, 9 de março de 2016

Talvez...

Talvez chegasse o tempo de apagar á fotografia do porta-retratos.
Aquela em cima do criado mudo, que é a chave de abrir o baú das lembranças.
Entre tantas é ela – aquela fotografia.
Passaria até despercebida pelos amantes mais afoitos, mas não por minha memoria que tem olhar de cachorro em caça.
Talvez chegasse o tempo de deixar as memorias flutuarem no vácuo.
Não de finais e nem de recomeços, apenas memorias.
Ela já é autodestrutiva – a fotografia.
É longo, muito longo o seu tempo, não evoluiu. Teima em ser anarquista retrógada, não acompanha o nosso ritmo “urgente”.
Talvez...
Talvez chegasse o tempo de apagar á fotografia.
Aquela que em palavras mudas e silêncios ditos, conta que foi feliz um dia.
Ela não é realista, até porque realismo é chato.
Ela navega por marés simbólicas, poéticas, às vezes indecifráveis.
Mas uma coisa que ela não é – é ser inventiva.
Veste roupa; sua composição, porém apresenta-se nua.
Nua de corpo.
Nua de julgamento.
Nua de alma.
Nua de todos.
Ela foi o que foi.
Nós fomos o que somos.
Talvez chegasse o tempo de apagar á história de uma fotografia.
Talvez...

Ou, talvez escrever mais uma poesia.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

02:00 AM.



A noite tem desses mistérios que me cativa.
Com seu jogo de sombras, luzes e aquele silêncio que ao mesmo tempo é meditativo e sombrio.
Sou conduzido para aquela paz de cidadezinha de interior e assim vou flertando com ela, de chinelos. Dando passos no meio da rua.
Tipo criança, moleque pulando muro de escola, libertando-se.
02:15  - Já estou no boteco/restaurante do meu bairro, sim ele é “desses” 24h, coisas de uma cidade maravilhosa.
Esses lugares belos que todos comungam da noite, como eu.
Transeuntes, prostitutas, pagodeiros, roqueiros, atores, tatuadores, músicos, garçons, seguranças, enfermeiros e por ai vai... Um lugar rico de gente.
Uma long neck e um sanduíche de queijo quente, misturado com as ideias que escrevo no papel/mat da mesa.

É como sempre digo: 
Gosto muito do dia, mas...

                                                “a noite dança bem melhor”.

domingo, 21 de fevereiro de 2016

Homens estão tomados por não amor.
Homens estão embaraçados de compaixão.
Homens estão bebendo poder e arrotando inconsciências.
Homens estão acordando.
Homens estão mijando inconstâncias violentas.
Todos estão em seu caminho de evolução.
Homens, mulheres, seres humanos conscientes ou não, estão caminhando.
Uns andam cegos, mas guiados com o olhar da alma, outros com os olhos do ego.
Outros apenas caminham e alguns nem andam, flutuam...
Caminhos.
Todos tem o seu e o direito de  trilhar da sua forma.
Fazer o seu caminho com o olhar e a língua no do outro?
Volte 10 casas.
É necessário é providencial.

ELA



                                 Aperta meu


                                  NARIZ


                                 quando me beija


                                                                     ELA


                  Realmente sabe me deixar sem ar.
Sou rio quando tenho alegrias.

Sorrio quando tenho tristezas.

Nasci com essa estranheza

de lágrimas ao contrário.
A

      CORRENTE


              ZA

       


BEIJOU    -    ME

                                                roubado foi.
                                                quase fui.
                                                quase foi.



                VOLTEI. . .







                 abraça-me                           
FOI

     O

         S
            O
                L

                    C
                         A
                              N
                                  T
                                     A
                                         R

UMA                     NOTA                           SÓ


Senti


         Mente


                           Con - Fusão


Amêndoas e Lontras


              o


       Cor  -  Ação.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

A OMELETE NO BOTECO (ou treinamento ninjutsu de boteco).

Descrevo aqui algumas das personagens desse causo: Duas cervejas. Long neck. Um certo número de palavras que me perco agora em defini-las, mas que se dividem em poemas e crônicas. Uma omelete (de legumes), acompanhada de uma saladinha. Um amigo, Quintaninha! Vulgo: Mario Quintana. E, a partir daqui, o causo desenvolve-se.  
Um flerte. Uma garota na mesa à frente, não exatamente a próxima, mas umas três mesas à frente em diagonal. Percebo que ela está me olhando, bebe também uma cerveja de marca diferente da minha. Entre um gole e outro, me olha. Eu entre algumas palavras lidas e outras, olho também. Parece-me que ela gostou do que vê, a julgar pela forma de olhar e pela capacidade de não parar de olhar (cada olhar um gole). Talvez, a imagem pudesse ser um pouco estranha para ela. Em uma noite de um sábado carnavalesco qualquer, um rapaz de calças de moletom “saruel,” chinelos tipo havaianas, tipo, não, havaianas mesmo; sentado sozinho em uma mesa de bar (quase boteco), tomando sua cerveja, óculos, uma echarpe no pescoço (estilo, talvez?!). E lendo um livro. “LENDO UM LIVRO!” Oh! My God! Não teria que ser um smartphone com a senha wifi do estabelecimento? Ai, se ela soubesse que era de poesia, nem sei o que poderia pensar...
E esse flerte de goles e olhares seguiu-se até o momento de um rapaz entrar vindo da rua, beijá-la a testa, e depois na boca (selinho). Ela diminuiu a intensidade nos olhares, claro. Mas, antes fez um gesto bem sutil que confesso não ter compreendido nada e como não compreendi nem sei se conseguiria descrevê-lo. Enfim, continuei a fazer o que já estava fazendo; conversar com meu amigo Quintana, entre um gole e outro. Até porque já tinha devorado a omelete (sozinho).
A garota, quando podia (com menos frequência agora), tomava um gole e levava seus olhos para minha mesa. Minutos depois paguei a conta para voltar logo ao meu quintal, onde minha espreguiçadeira me esperava com certa saudade. Sobre o “possível” namorado? Bom! Quem mandou ser fumante?
Tem uma parte nesse “causo” que talvez, deveria estar inserida algumas frases antes, mas... Existiu um espaço-tempo entre esse pagar a conta e ir embora, pois a fila do caixa estava grande. Foi o tempo para mais quatro poesias, três crônicas e “dois” flertes, mais ou menos. Foi o tempo dela ir ao banheiro, voltar, passar pelo caixa e deixar cair um guardanapo no chão ao lado dos meus pés com havaianas. Foi o tempo também, do rapaz fumar mais um cigarro. Caro e cara leitora devem estar imaginando o que teria neste guardanapo suicida. Bom, minha amiga e amigo, ficamos na mesma situação de curiosidade não correspondida. Pois, no mesmo instante em que o tal guardanapo beijava aquele chão de boteco, minha atenção era obrigatoriamente solicitada pelo Caixa solicitando a senha. E entre a indecisão de colocar tais números e abaixar para o resgate do artefato, o garçom esse “ser” com treinamentos de ninja, foi muito mais ágil e eficiente do que eu e o papel misterioso.

- Senhor, por favor, a senha do cartão.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Por essas manhãs...

Se pela manhã quando acordo e você está dormindo.
 Eu sonho.

Se pela manhã quando você acorda e eu te olho.
 Eu sonho.

Se pela manhã quando você se espreguiça por toda cama.
Eu sonho.

Se pela manhã quando você levanta com seu caminhar lento e preguiçoso, até o banheiro.
 Eu sonho.

Se pela manhã lhe observo sentada, tomando uma xícara de café.
 Eu sonho.

Eu sonho.

Eu sonho em estar sempre acordado.
Para nunca, você ser apenas um Sonho.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Crucificado




Desejou ser apenas instinto.
A mente o julgou.
Crucificou o desejo.
Mas todo gozo é liquido e escorre como água.
Não se prende em amarras.
Mesmo calado, escondido...
Seu grito será sempre livre.
Não há discurso e nem protestos.
Apenas um corpo exposto.
Carne, pele e liquido.

domingo, 10 de janeiro de 2016

diário de uma noite em gotas


chove lá fora.
aqui dentro; uma musica ao longe...
corpo nu, gosto de café nos lábios.
sinto um sentir, de não precisar sentir.
apenas a luz do abajur.
tenho olhos sensíveis, só saio na rua de óculos escuros.
gosto do dia, mas a noite dança muito melhor.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

2016

caia em mim
quero lhe penetrar inteiro
deita em mim, vou lhe beber...
não seja tímido, pois vou lhe comer
regado e temperado de vinho e poesia.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Oca

Cadê a MinhOca?
Cadê?
Minha Oca.
Olha! A MinhOca andando.
Ela é do Tamanho do A.
Eu vi um dia o TamanduÁ, Flor e sendo na manhã.
Foi quando perdi o arquivo da minha memoria  RAM.
Mas, cadê a Minha Oca?
Lá tinha uma Rã.
Tinha, dentro da latinha!
Deve estar com aquela menina, que gosta de Formiga.
Mas, se ela For Amiga, tudo bem.
Ela e o Passarinho sempre Passa, indo e vindo a procura de MinhOca.
Enquanto eu, ainda procuro...
A Minha Oca.


quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Poesia



Se não fosse ela... O hospício seria meu endereço certo.
Nem a espiritual fé, nem o racional da lógica, nem nada.
Apenas nela eu confio e me guio.
Mas, quando digo "ela" me refiro a sua essência e não aquela falada da boca para fora.
Essa é apenas um pequeno instrumento e nada mais, qualquer um pode usa-la e depois ser "depois".
A outra estrutura um caráter, estrutura um "ser".
A outra é maior que o mundo, a outra é mais antiga que o mundo, a outra é além da fala, da palavra, da compreensão ou do entendimento.
Pior! Tentar compreende-la, já é um sinal claro que não está mais no caminho, tomou outro rumo...
O nome não mudará, mas ela?
Já não estará.

terça-feira, 27 de outubro de 2015



Eram apenas olhos.
Não. Eram olhos perdidos dentro de um olhar.
Longe e tão perto o seu mundo aproximava-se de mim.
Eu ali com meu ofício de atuar e de repente de assalto sou roubado, viajo...
E no meio estrada, conheço uma linda mulher de olhos castanhos escuros.
De imediato travamos uma conversa, ela me conta sobre um passado; lembranças de um poeta.
Ela o olhava, debruçada sobre sua pequena cadeira de escola.
Enquanto ele o poeta, contava a historia de um menino que não queria perder o seu olhar...
Sem terminar a nossa prosa, sem ao menos me contar o final do poema, aquela linda mulher continuou o seu caminho, lá no futuro, (talvez).
Quando percebi a estrada já tinha sumido e eu estava de volta em meu ofício; falando poesias para um grupo de crianças.
Foi ai que percebi...
Uma linda "menina" de olhos castanhos escuros, me espiando do fundo da sala.
Não. Me olhando.
E naquele exato momento, fixado em seus olhos, percebo...
Eu sei, o final do poema.




quarta-feira, 10 de junho de 2015

Divino colo

Se tem homens que tem "mimi" com isso? Não sei.
Só sei que adoro e não é fetiche.
Mulé de colo suado. Coisa mais sexy não existe.
O colo divino que já é acompanhado daquele brilho especial.
Molhado... Gotas que nascem desse corpo abençoado.
Seja com sua saia rodada, pés descalços, trazendo a lata d´água na cabeça, lá da bica,
ao longe.
Ou as da cidade, com aquele decote discreto, que diz e não diz.
E na correria dos escritórios com seu terninho preto, cobrindo os ombros, mas o colo está lá.
Lindo! Molhado! Suado!
E quando as gotas vêm de tanto girar na roda de samba.
Ai, ai, ai. Ai, eu morro.
O colo sendo casa de chuva, a nuca suada, os fios de cabelo grudados na testa e aquele sorriso largo no rosto.
Rosto molhado de tanto brincar pulando.
Eu já disse, eu morro.
Fico hipnotizado.
Vejo uma gota surgindo da sua nuca, deslizando vértebra por vértebra, parando e unindo com outras nas ancas, para depois continuar o seu caminho, se perdendo de vista nas últimas curvas.
Uma Deusa que dança.
E ao sair do banho, então? Cheiro de lavanda e o colo não secado, gotas de chuveiro.
Mas, onde realmente me entrego nesse desejo.
Onde sou inteiro servo e rei ao mesmo tempo.
É quando minha boca, meus olhos, minha língua e meu sexo se deleitam sendo Um com Ela.
Seu colo e o meu peito.
Todo colo é por si, admirável.
Mas, talvez uma mulher com o colo seco traga consigo um pouco daquela tristeza.
Tristeza sem lágrimas, sem gotas, tristeza seca.
Que seja na alegria ou na tristeza.
Principalmente no prazer...
Que seja molhado e suado o vosso colo divino.

terça-feira, 5 de maio de 2015

A maré vai, a maré vem...



Sou homem livre.
Onde me prendem, eu não fico.
Sei receber ordens e respeito hierarquias, foi assim que aprendi na educação de família.
Mas também sou pessoa de pensamento e ação nos sentimentos.
Quando for preciso, minha opinião eu digo.
Saber calar é sabedoria vivida.
Estou na escola, mas não tenho diploma, papel tem outro oficio.
Eu vim da mandinga, minha segunda educação.
É na vadiagem que aprendi a dar valor ao mundão.
É dela, da capoeira que falo.
Não o jogar de pernas apenas, tem malandragem, e da boa.
Já me salvou e não foi pouco das espreitadas na vida.
Quem não a conhece só vê, não enxerga o invisível.
Não falo de pulos, falo de mistério, do escondido.
Foi ela que me ensinou andar na vida, de peito aberto, cabeça erguida, no meio da rua, pois calçada tem esquina.
Balançando os braços e de mãos livres, sempre pronto para um abraço ou cumprimento amigo.
Ela não ensina briga, vem é de defesa, de libertação.
É de dentro para fora que acontece a ação.
Mas não vai se enganando, precisando tem cabeçada e rasteira, nem precisa de mais pra fazer o peão comer poeira.
E embaixo, lá no chão, o capoeira sai no rolê e da aú, faz rotação, movimento natural da esfera da terra.
Nas ladainhas é que se aprende muita coisa, que Dr. Diplomado não sabe não.
Por isso repito: Sou homem livre, sei obedecer, mas sou camarada de pensar e agir de coração.
Quer prosear? Vem com argumento, papo bom nunca dispenso.
O mestre ensinou – Respeito é doce do bom e não quebra os dentes.
Digo: Quem não a conhece, não enxerga o invisível.
É ai que mora o perigo, desconhecer o que não é visto e sim sentido.
A capoeira ensina tudo que tem na vida.
Tem hora que está torta e tem hora que apruma.
E uma coisa é certa, em algum momento o camarada escorrega, e aí com o chão se acerta.
E não é exatamente no chão, que o corpo termina sua estadia?
Quando o berimbau do peito desafina?
Eu vou é brincar, jogar, orar e cantar até o meu pandeiro cessar.
Até lá, tudo é pura vadiação.
Vim pra cultivar amizades, não sou de briga, perda de tempo e energia.
Hoje a luta é na mente, nos pensamentos, é isso que gera ação defensiva.
Aí sim, muita esquiva e cocorinha se fazem necessário, mas estou sempre amparado, tenho companhia.
Como diz a musica: Não mexe comigo, que eu não ando sozinho.
Não é corpo fechado de macumba, é confiança.
Amigos sempre são bons, tanto aqui como acolá.
Lembre-se; é só enxergar o invisível.
A maré vai, a maré vem e a praia fica limpa.
Está na roda, está na vida.
Bora jogar, bora brincar e se a humildade não vem de berço, uma hora ou outra na roda o camará
aprende.
E se escorregar, dá um sorriso e a gente dá a volta no mundo.
Depois no pé do berimbau começamos tudo de novo.
Somos todos livres, nossas amarras são os pré-conceitos.
Mas, pra isso temos a benção e a meia lua de compasso, golpes certeiros pra fazer justiça.
A ginga é tua e única.
É assim que se movimenta na vida, na roda.
Na roda da vida.
A maré vai, a maré vem...



segunda-feira, 20 de abril de 2015

Ela foi embora, doce como nascestes.
Não queria, mas foi.
A natureza é livre, mesmo diante dos nossos desejos mais puros.
Aquela pele sensível do tempo. O tempo que a fez sabia e tanto me ensinou.
Suas vértebras já lamentavam tantos outonos e primaveras.
Experiências vividas em uma estrada árdua de lutas, amores, vitórias, filhos e netos. 
Não adianta. Hoje só tenho as fotografias.
Ficaram as lembranças, os cafunés e o gosto do bolo de fubá.
Não adianta as lágrimas salgadas.
Ela se foi, doce.
Doce como seus conselhos, doce como sua voz, doce como suas broncas.
Em tantas luas foi o meu colo.
Em tantas tardes foi o aroma do café com ouvidos atentos.
Eu tenho uma caixinha onde guardo nossos abraços e balanços.
Quando a tristeza vem me visitar, abro a caixinha devagar e de repente o vento vai mudando a sua direção, vem manso ao meu encontro.
E ali sinto um perfume conhecido, fecho os olhos e me torno leve.
Rosas com cabelos brancos ao sair do banho.
A fragrância mais doce que eu já conheci.

De manhã quando ela acorda faz do seu dia um arco.
Colorido, lento, gasto pelo tempo.
Enverga em seu peito um sofrimento.
Esse espaço que vacila no vazio.
O amor que tanto deu e que agora só golpeia
Torna-se o alvo da flecha amada.
Mesmo assim no final da tarde sacode a poeira do cansaço.
Limpa a sujeira da ingratidão.
E guarda em uma sacola bonita.
Deixando atrás da porta, para quem sabe um dia, quando partir
Seus queridos voltem ali.
E leiam suas palavras esquecidas.
De noite, bem de noitinha, lá nos seus sonhos.
Ela abre a sacola amarrada com fitinhas coloridas e retira dela, suas historias bem definidas.
Nestas, ela volta a ser menina, mulher, volta a ser vista.
Nas histórias de sua sacola ela é sempre cuidada, sempre querida.

Sempre amada.

sábado, 18 de abril de 2015

Os meninu é  viajado nas Europa e  States.
Na veia sucrilhos  e danonin.
Nós aqui é na farofa e as vez banana assada e mandioca.
Nossas viagem é na venda do Pedro da D. Maria, contador de causos dos tempo de tupiniquim.
Meu saber não é letrado não senho, como os meninu de cabelo lisim.
Minhas faculdades cheira terra molhada e também batida.
Muitas professoras e professores eu tive, atravessando as picadas do mato.
Inté de noite aprendo com a lua, alumiando e fazendo brilho no zoio de jaguatirica.
Mas, no finar não faz diferença. Nós é tudo iguar.
Debaixo da terra ou mesmo sentado no botequim da Tiana.
Porém uma coisa é certa ; pra que tanta viajem e conhecimento lá fora e não saber cuida da casa.
Tem que aprender com a natureza que tanto nós dá, não precisa roubar.
Nosso  País é casa grande, coisa imensa, necessita atenção.
Juntando os dois saber; da terra e das letra, acho que dá pra fazer a coisa melhorar. Limpar sabe.
Mas, é preciso de caráter e vontade de ajudar, trabalhar. E isso tá difícil, parece que é até caro.
Deve ser por isso que precisam de tanta prata.
 É muito tostão em um só lugar e muito mendigar, onde água e arroz seriam motivo  de  festa daquelas de rojão soltar.
E pensar que se cada um pegasse o seu tipo de inchada e fizesse o seu meior.
Todo lugar tem sua inchada; é na roça, no planarto, nos hospitar, na pulicia, em tudinho de lugar.
Borá capinar bunitinho né meu povo que de resto a terra nós dá.

segunda-feira, 6 de abril de 2015

Viajarei pelas tardes em barcos de insônia, guiado por 7 luas.
7 prazeres.
7 vidas.
7 incertezas.
28 chances.
28 virtudes.
Não me pergunte sobre voltas, a viagem será longa.
Tenho como timoneiro o meu parceiro; vento.
Não tenho datas para os portos, nem sei quando parto.
Do meu saber, só faz parte o que me guia.
A terra nos dá raízes, mas raízes são para pessoas que gostam de bandeiras.
E a minha foi rasgada no ato do meu nascimento, momento esse que marca a nossa escravidão.
A viagem será banhada de solitude, preciso de um barco apenas ou nem isso.
Meus pés e braços conhecem a leitura das luas.
E caso naufrague, serão as minhas buscas a minha ilha de Ítaca.

domingo, 5 de abril de 2015

Sei saber de um dia
que jamais saberei te amar.
Sabendo disso, amarei o que for sabido
mesmo não sabendo ao certo, quando esse dia chegará.
Se ontem eu já soubesse
hoje eu já teria te amado.
A morte é o único caminho para entendimento da vida.
Fugir dela é assumir o não viver.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

O dia que a poesia me pegou.
Uma senhora estava sentada, tomando o seu banho de sol na piscina.
Um rapaz aproximou-se e a abordou com um leve sorriso e perguntou.
- Aceita uma poesia?
A senhora olhou para ele com simpatia e respondeu:
- Não, obrigado. Não gosto.
Aquela frase passou pelos tímpanos do rapaz, com certa arranhadura.
Mas, ele pensou: É o direito dela, tem que ser respeitado.
E assim despediu-se e virou as costas para ir embora.
Só tinha um pequeno problema, aquele rapaz era um rebelde e como tal, tem a alma incomodada.
Ele deu meia volta.
Pediu a atenção da senhora, olhando em seus olhos e perguntou:
- E de café, você gosta?
- Sim! Adoro.
Então, lá do fundo no livro de suas histórias, abriu na pagina da coragem e disse:
- Quero lhe fazer um desafio, aceita?
- Diga.
- Ouve minha poesia, e caso você não goste, lhe recompenso pagando um belo café. Topa?
A senhora pensou...
- Aceito.
E foi neste momento que o rapaz fez a sua melhor poesia.
Os pelos de seu corpo já mostravam que nas primeiras frases, ele já estava totalmente tomado por ela, (a poesia).
O tempo estacionou por alguns instantes.
Ele terminou, olhando para ela.
Silêncio entre os dois.
- Aceita um café?
Silêncio.
- Não.
(Risos).
O corpo padece.
A mente anoitece.
O sorriso emudece.
Calo a minha língua.
Pois, beijo não há mais.
Apenas uma boca enferrujada.
Suspendida no teu grito.
Minhas palavras estão amarradas.
Três nós - Três lágrimas.
No peito, a única flor que existia.
Enferruja como lata vazia.
Sobe a pipa.
Aqui embaixo o som do apito.
Vem avisar, tanto do céu como da terra.
Não tem mais tempo.
Não tem mais graça.
Ou acordas ou vira trapo.
Estamos sem nada.
Cadê a dignidade? Saiu para almoçar com a navalha.
Humanismo dançou nas mascaradas dos carnavais passados.
Vamos fechar as portas! É preciso de um balanço.
Sem cordas.
Mas, ninguém quer saber...
O que importa agora é sair e beber.
Vai meu Brasil adocicado.
Balança essas ancas e depois choras com a alma.
Ela estará suja, pois quando abrir a torneira, esta estará muda.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Não venha com inveja.
Me defendo é com Pimenta.
Não se preocupa, é doce.
É bico.
Biquinho de moça.
Pois teu mau eu já conheço, é falta de tempero.
É falta de carinho.
Ela foi embora. Doce.
Não queria, mas foi.
A pele queima.
As vértebras lamentam.
Não adianta.
Ficou apenas o sal; suor e lagrimas.
Não adianta.
Ela se foi, doce.
Um suicídio a beira-mar.
Morreu afogado nas encostas da praia.
As angústias, lágrimas e não-amores.
Lavados em sal marinho o corpo não velado.
Apenas a imortal alma, salvou-se.
Limpa, intacta.
Descansa em paz, um passado cansado.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

O conto que conto é da dança de um café com o açúcar.
Enquanto ele caminha pela cozinha, á procura de uma xícara.
Ela senta na cabeceira da cama.
Acorda nadando em pensamentos.
Aqueles que vieram primeiro em barquinhos e depois em navios na madrugada.
Histórias de um roteiro surreal, com noites extravagantes; bebidas, sexo, estupidez.
Neste momento o café beija o fundo do copo, pois a xícara não foi encontrada.
O relógio na parede diz que é manhã.
Uma daquelas manhãs, dos que acordam, dos que chegam ou dos que vão dormir.
Sua mão (a dele) movimenta a colher, o açúcar se devolve, agora estão unidos mesmo com tamanha diferença. Afinal é café e açúcar.
A mente (dela) embarca em uma viagem.
Caminha pela garganta, clima seco de difícil passagem, estaciona no coração, abastece, mesmo com a escassez líquida. Depois sem paradas chega ao estomago, aperto, estrada de pequenas amarguras.
A pele sente - meia volta.
Ele sente na língua, toda boca, escorrega pela garganta e chega direto ao estomago, sem parada de abastecimento. Mas o estomago comunica: Estamos em harmonia, o coração recebe um postal. Cheiro, gosto e sentidos.
A noite foi de dança, apenas dança.
O dia de café, aroma e poesia.
Pensamentos sofridos (talvez), por incertezas...
Mas de manhã bem cedinho, o café doce veio lhe avisar.
A noite é uma dança, apenas uma dança e nada mais.
Ela levanta e vai ao banheiro, liga o chuveiro.
A água leva para o ralo todos os pensamentos estranhos, ela sai do box e se enxuga com uma toalha felpuda, costurada a mão com linha, agulha e lembranças.
Descalça (nunca), mas sim nua, caminha até a cozinha, olha a pia e vê.
Uma xícara.
Ele sobe as escadas com o copo na mão, entra no quarto, fecha as janelas, senta na cabeceira e toma seu ultimo gole, já não tão quente como antes.
Seu ultimo pensamento:
Somos café e açúcar, dançamos e giramos na roda da xícara.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Porque hoje eu saio de turbante.
Porque hoje me dispo para a guerra.
Vou de peito aberto, vou de coração exposto.
Visto minha cabeça, dou roupagem as minhas ideias.
Quero na rua falar com você.
Meu escudo, meus punhos.
Abertos.
Minha arma, minhas palavras - singelas, simples.
Minha defesa, meus ouvidos.
Compartilho, essa é minha guerra.
Hoje, saio na rua de turbante.
Hoje eu queria escrever um poema.
Bonito.
Mas as palavras estão boiando.
Em uma piscina.
Algumas letras submersas.
Outras na superfície.
Nada se lê.
Elas nadam.
No.
Nada.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

menina serelepe.
a vida diz, cresce.
e ela, eu não.
crescer é chato.
quero mais é ser brincante.
dançar, pular e sorrir.
deixo o maduro, para o abacate que como de papinha.
sou minha, apenas minha,
mãe, pai, irmã, sou minha, minha menina, minha criança.
minha aventurança... minha sapiência de saber "Ser". Mulher.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Pela primeira vez, irei recusa-la.
Pela primeira vez, não quero.
Pelas primeira vez, digo não a você.
Quero ficar no silêncio, mesmo sabendo que foi ele próprio que lhe chamou.
Provavelmente você voltará, sempre voltou.
Talvez em outro momento vou lhe querer, como sempre quis.
Talvez em outro momento vou aceita-la, como sempre fiz.
Mas, não agora. Me deixe, não lhe quero.
Volte para o seu canto, seja onde for.
Agora, vou escolher fingir.
Fingir que sou igual.
Não quero confrontos, essa é a razão.
Serei igual por escolha, neste momento.
E por isso lhe rogo, vai embora, por favor.
NÃO QUERO ESCREVER SOBRE A CHUVA QUE ME MOLHA.
Então, por tudo o que vimos, ouvimos e falamos...
Por favor! Minha amiga (palavras), me deixe sozinho.
Não lhe quero agora, nem mesmo com sua roupa de gala.
Aquele seu vestido lindo, chamado: Poesia.
Que em tantos momentos, me deixou apaixonado.

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

É preciso perder o medo do silêncio, do seu silêncio.
Ele é amigo, como amigo dever ser.
Não passa a mão em nossas ilusões, pelo contrario, deixa-as (com amor) escancaradas. Mas, é só assim que temos a oportunidade dos saltos quânticos.
É o caminho para realmente podermos nos conhecer.
Porque você tem medo de saber quem é?
O mundo está tagarelando demais, gritando demais... E olha só como estamos.
Se esse caminho estivesse dando certo, alguma mudança já teria apontado no horizonte.
O todo somos nós.
Se você sempre tagarelou, se sempre gritou e nada... Porque não tentar algo novo? Não tenha medo do seu silêncio, já disse, ele é seu melhor amigo. Claro! Você não terá essa platéia que cultiva com tanto louvor, mas se for corajoso... Hum! Se for...
O Silêncio é educado, sutil, verdadeiro, honesto, amoroso e sábio, muito sábio.
E uma coisa é fato; quando aprender a cultivar seu silêncio (de verdade). Verás que as poucas palavras que saírem de sua boca, terá uma força e uma presença, que jamais precisará repeti-las duas vezes.
Quem estiver perto, irá parar para ouvi-lo.
Não será uma escolha e sim, uma necessidade.
Agora enquanto gritas, tagarelas, muita energia sendo gastado com nada.
E tem tanta coisa gostosa de se fazer nessa vida, que mereceria essa energia desperdiçada. Não?
Sim. é disso que estou falando, rs.

domingo, 16 de novembro de 2014

Quando o boneco despir-se de suas roupas de madeira.
Peço licença e também ficarei nu.
Deixarei ao chão, minha pele, meus órgãos, meus músculos.
E sairei por ai, descalço sem RG.

sábado, 8 de novembro de 2014

O preto malandro desafiou o vento para um pega.
O vento sábio passou a mão no chapéu do preto.
A corrida foi longa...
Diz a lenda que o preto ainda corre até hoje, pelas estradas dessa vida.
E o vento? 
Ahhh! Esse está sempre na frente... Abrindo os caminhos do preto

sábado, 27 de setembro de 2014

Não carrego nada.
Roupas, utensílios, dividas.
Nem mesmo os meus segredos.
A estrada a qualquer momento pode me chamar.
Quero estar sem malas, sem magoas, sem duvidas.
Sem birra da morte, pois ela faz parte do caminho, ela é uma das porteiras.
Abro a cancela, ou mesmo pulo, salto-a e continuo a minha viagem.
Vou para onde o vento me levar...